por Carlos Ratton
Depois de 14 meses de luta,
comerciantes de Guarujá e do Distrito de Vicente de Carvalho venceram a quebra
de braço com o Sindicato do Comércio Varejista da Baixada Santista e, em
dezembro, fundaram o Sindicato do Comércio Varejista de Guarujá e Vicente de
Carvalho.
A diretoria já foi constituída e
o primeiro presidente da nova entidade é o comerciante Hassen Hammoud, da Loja
Arco Íris, no Distrito. Segundo Hammoud, o único documento que falta para
início das atividades é a carta sindical, que deve ser emitida, até julho deste
ano, pela Federação do Comércio Varejista de São Paulo.
“A luta começou quando fomos
abandonados pelo Sindicato. Primeiro tiraram nosso advogado, depois a subsede
e, por fim, não colaboravam com nossas campanhas. A gota d’água aconteceu
quando, após eu reclamar, disseram que não existiam associados em Vicente de
Carvalho”, revela Hammoud.
O comerciante explica que foi
constituída uma comissão de constituição provisória e, embora o Sindicato
tentasse, por duas vezes, via judicial, impedir a criação da nova entidade, em
dezembro, a diretoria da nova entidade já estava eleita. “Estamos tirando o
CNPJ (Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica) e até julho a nossa carta sindical
deve ser emitida”.
Descontentes - Seis mil
comerciantes devem migrar para o novo Sindicato do Comércio Varejista de
Guarujá e Vicente de Carvalho. (Foto: Luiz Torres/ DL)
Com a carta, os recursos oriundos
da contribuição associativa dos cerca de 900 comerciantes associados de Guarujá
e Vicente de Carvalho serão direcionados para a nova entidade e não mais para o
que é sediado em Santos. “Diante disso, vamos estabelecer uma série de medidas
visando melhorar a situação e o atendimento dos comerciantes e empresários da
nossa Cidade”.
O rompimento foi anunciado em
outubro de 2011 e publicado pelo DL. Na época, um grupo de empresários,
inconformado com a falta de respaldo político-administrativo, iniciou o
processo de desvinculação. A iniciativa foi debatida não só por meio de
reuniões e eleições conturbadas, mas também na esfera judicial.
Na ocasião, um dos responsáveis
pelo movimento separatista, o comerciante do ramo de móveis Volnei Masotti, que
encabeçou a comissão de constituição provisória, já alertava que o processo de
desvinculação seria demorado e complexo, visto que o sindicato, sediado em
Santos, estava impondo dificuldades ao desmembramento, inclusive entrando com
ação judicial. “Pediram nulidade da assembleia, mas a ação não vingou, pois a
lei permite a separação”, garantia ele.
A estimativa é que Guarujá e VC
possuam cerca de seis mil comerciantes estabelecidos e que a maioria deve
aderir ao movimento, que agrega micros, médios e grandes empresários,
vinculados aos dois clubes de Dirigentes Lojistas (CDL´s) e Associação
Comercial da Cidade.
Hassen Hammoud - É o presidente
do novo sindicato. (Foto: Luiz Torres/ DL)
O novo sindicato deverá pleitear
o repasse da contribuição anual obrigatória, paga por todos os lojistas,
cuja receita hoje vai para Santos.
A reportagem procurou a direção
do sindicato, mas não obteve retorno. Em 2011, o segundo vice-presidente da
entidade, Fernando Martins da Fonseca, disse que a direção do sindicato foi
surpreendida por uma carta anônima colocada na caixa postal, com a cópia de um
edital, publicado no Diário Oficial do Estado, anunciando a criação do novo
sindicato.
Ele acreditava que houve uma
traição e que todo o impasse teria sido por causa de um pedido que não foi
atendido. Fonseca afirmou, na época, que a assembleia realizada pelo grupo
descontente foi ilegítima, porque não foram respeitados requisitos legais, como
a não aceitação de 103 procurações de comerciantes de Guarujá, que permitiriam
que o Sindicato tivesse a maioria dos votos, impedindo o início do pleito. O dirigente
alegou que o sindicato nunca desamparou Guarujá, dando apoio jurídico,
estrutural e administrativo.
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