Vergonha.

Vergonha.

"De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto".

Trecho de um discurso proferido pelo senador Rui Barbosa em 1914.

A frase serve para corroborar o repúdio pelo agigantamento do poder nas mãos dos maus, que faz crescer toda sorte de injustiça.

Como Rui Barbosa eu também sinto vergonha.

Tenho vergonha de continuar gritando solitário nessa terra de “surdos”, de brasileiros de segunda linha, de acovardados e pseudo cidadãos que são verdadeiras sanguessugas do trabalho alheio.

Tenho vergonha de postar fotos de mendigos, de montanhas de lixo, de claras demonstrações de desonestidade com o dinheiro dos cidadãos, de receber palavras de recriminação pelo que eu acho que é uma obrigação de todos.

Tenho vergonha da falta de apoio e de ser ignorado por um bando de metidos a espertos, que só mostram algumas das mazelas dos políticos para promover as suas próprias aspirações.

As estatísticas do Google não mentem! Depois de receber mais de 2.000 visitas no blog SOS Guarujá, nos últimos 30 dias, recebi menos de uma dúzia de e-mails comentando as minhas postagens. Três oferecendo apoio à causa.
Tenho vergonha de analisar o que ocorreu com os outros quase 2.000 visitantes.
Dos poucos e-mails recebidos, um foi para criticar a minha atitude porque fiz “tanto alarde”, pela ocupação ilegal de uma calçada pública pelo Supermercado Pão de Açúcar.

De uma comunidade da internet denominada Guarujá em Debate, com mais de 500 membros, observei que menos de 20 participam dos “debates” e que os dez mais ativos parecem gladiadores. Não debatem. Só batem, uns nos outros. Dessa comunidade de 500 membros recebi dois e-mails.

Dos amigos mais próximos recebi advertências e lembranças de outras batalhas que perdi ou não ganhei... Claramente contaram mais derrotas do que umas poucas vitórias, deixando ainda claro os evidentes prejuízos financeiros.

Mas eu sou humano e sinto, mesmo nas minhas derrotas, o prazer da vingança.
Assim como a inveja (veja meu artigo “O Invejoso” nesse bog) a vingança tem sabor e dá certo prazer.
Sinto prazer quando alguém reclama impotente de um mendigo na sua porta, de um susto com um guardador de automóvel, de um IPTU escorchante, de um ambulante que joga óleo na sua porta ou de uma tentativa de achaque do poder público, pelos seus representantes mais gulosos e menos escrupulosos.

Tenho sim, certo prazer em ver esse sofrimento que é limitado a uma pequena lamúria de quem quer que os outros resolvam os seus problemas.
Fossemos muitos em uma só voz e certamente os resultados seriam maiores.

Tenho vergonha de ter participado de duas Associações no Guarujá, uma de amigos de Pitangueiras outra de Comerciantes. Seus dirigentes só foram amigos deles próprios. Nos últimos dez anos colecionaram fotos em festas e a cidade continua tal qual as fotos que publico, cheia de lixo humano e mal acondicionado. Uma festa para os predadores.
Para quem Rui Barbosa foi só um escritor do longínquo século passado, para quem a beleza do Guarujá é maior do que o descaso dos nossos políticos, para todos aqueles que passaram pelo blog SOS Guarujá e deram apoio silencioso envio meus pêsames.

Não estou grato por terem lido ou visto as fotos que publiquei. Retratam péssimas referencias da cidade.
Peço mesmo que não voltem ao blog SOS Guarujá. Não me dêem falsas esperanças de que ser visto é ser entendido, que audiência quer dizer comprometimento e que estão solidários com a nossa luta.
Ou cerrem fileiras com a nossa luta, da nossa meia dúzia, porque a luta de cada munícipe do Guarujá deve ser dele mesmo.

 Que ninguém pense que estamos aqui para lutar por vocês. Estamos aqui para lutar com vocês.

Minha luta é só minha e se eu perder mais essa batalha deixarei que qualquer outro ao sair apague a luz.

E observem que o último pode ser um desses políticos que roubam até a luz.  

M.G.