O senso comum nos mostra o entendimento da burocracia como a forma pelo qual são estabelecidos procedimentos para que se diminuam a agilidade de processos.
Outra visão refere-se ao apego dos funcionários aos regulamentos e rotinas, causando ineficiência à organização. Porém, na verdade, estas são disfunções do termo, que tem significado exatamente oposto.
A burocracia é uma forma de organização humana que se baseia na racionalidade, isto é, na adequação dos meios aos objetivos (fins) pretendidos, a fim de garantir a máxima eficiência possível no alcance desses objetivos. Max Weber (1864-1920), sociólogo alemão, foi o criador da Sociologia da Burocracia e em seus estudos estudou esta forma de organização eficiente por excelência. E para conseguir essa eficiência, a burocracia precisa detalhar antecipadamente e nos mínimos detalhes como as coisas deverão ser feitas. Este detalhe é que garante a eficiência da mesma.
Com o passar do tempo, da criação de procedimentos criteriosamente estudados, dos exaustivos estudos sobre tempos e movimentos, dos detalhamentos de processos e da criação de sistemas anti-fraudes, o que era para ser exemplo de funcionamento – racionalmente estabelecido – passa a ser justamente o motivo de descontentamento de clientes e contribuintes.
A organização pública, mais afetada pelas disfunções da burocracia é a que mais tem impacto em sua imagem pelo considerado excesso de zelo.
Em reuniões com empresários, inúmeras vezes escutei que o excesso de procedimentos era, na verdade, proposital pois com isso poder-se-ia “criar dificuldades para vender facilidades”. Indagando mais sobre a afirmação escutei “o jeitinho brasileiro resolve tudo, desde que você conheça quem e quanto”.
É difícil acreditar que as dificuldades sejam propositais. Mas é muito fácil crer na criatividade brasileira em burlar regras de modo a forçar as instituições funcionarem de modo mais ativo. Se encarado deste modo, o “jeitinho brasileiro” é um exemplo de capacidade brasileira em resolver problemas.
Se este mesmo “jeitinho” é utilizado de forma a obter recompensas, então há outro nome para isso: corrupção.
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