Publicado originalmente no Jornal Primeira Hora de Guarujá em 1.999.
O VELHO CACIQUE.
Deus sabe quanto relutei em usar o adjetivo velho.
Quem vê o vigor desse que ouso chamar de velho cacique, não o reconheceria no lépido líder que reuniu o que se pode chamar de representativa parcela da sociedade de Guarujá.
Eram mais de sessenta homens e mulheres, de vinte a mais de setenta anos, dispostos a ouvir qualquer coisa que o velho cacique fosse falar.
Percebeu-se um quase temor reverencial, uma vontade de que o chefe bradasse um grito de guerra, para que todos cruzassem lanças, com qualquer inimigo de Guarujá.
Suas poucas e sábias palavras mostraram desde o princípio, que o cacique tem dos velhos, a sabedoria, a perseverança, e mais do que qualquer um dos jovens presentes, a força, a valentia e o vigor que se impuseram não como discurso, mas como oitiva, de tudo o que todos sabem e precisava ser dito em público. A fraqueza de nós todos, no trato das coisas da cidade, cidade que se percebeu, é importantíssima na vida daqueles homens e mulheres.
Aquele que chamo de velho cacique, deu a palavra a tantos quantos o tempo permitiu, para ouvir que todos estamos cansados das promessas que nos trouxeram ao fundo do poço, nesta cidade em que até os mais modestos dizem, ter tudo para ser a melhor da região.
Ninguém precisou falar de grandes números ou grandes cifras, para se ter a certeza de que os poucos que estão no poder quase nada fazem com a enormidade de recursos de que dispomos, sem falar nas novas riquezas que hoje, mais do que nunca, estão à disposição de quem tenha como nós, a proximidade dos grandes centros, como fácil acesso e vantagens outras, inigualáveis em toda a região.
Isso para quem tem vontade de trabalhar.
O velho cacique não disse mas nós sabemos, que depois dele nada expressivo se construiu. Que a nossa fama de outrora foi quase esquecida ou desprezada pelos que hoje, com a ignorância peculiar de jovens aprendizes de feiticeiro, confundiram o trabalho com a mágica.
Enquanto todos os que assumiram o poder depois do velho cacique preferiram receber os louros, por vitórias em batalhas que nem sempre travaram, a cidade chegou ao caos dos que gastam mais do que ganham, dos que tiram férias sem terem merecido , dos que dissipam as fortunas que herdaram sem nenhum mérito próprio.
Ninguém é unânime e nem todos seguiram nem seguirão o velho cacique...
Aliás, jamais deveria tê-lo chamado de velho cacique, melhor reverenciá-lo como velho guerreiro ou simplesmente como cacique guerreiro, sob as ordens de quem, ainda teremos sérias lutas e com certeza grades vitórias.
Meu respeito ao homem de muito valor, Jayme Daige.
Marinho Guzman
6 comentários:
Isso era prefeito,o que veio depois,é perfumaria e amadores.
Onde está o legado de Jayme Daige?
Não vivenciei sua administração, mas as subsequentes levaram vertiginosamente a Cidade ao fundo do poço, e o pior é que o fundo parece não existir.
Primeira Hora, ainda com Roberto Sassi (outro que sinto saudades)
Se juntar MAURICI MARIANO,WALDIR TAMBURUS,RUY GONZALES,FARID MADI E MARIA ANTONIETA.. não conseguem limpar os pés do VELHO JAIME.
ESSE É QUE FOI UM PREFEITO DE VERDADE, O RESTO SÓ BANDIDAGEM.
Quem tem mais de 40 anos,sabe o que era passar as férias no Guaruja com o "seo"Jaime prefeito,poucos ambulantes(e todos ganhavam dinheiro)comercio forte com os donos dos imoveis frequentando a cidade por longo tempo.
Hoje é morador de rua que não são da cidade,favelados,flanelinhas.. ou seja a cidade esta um lixo.
Esse legado tive o prazer e a honra de conhecer. Guarujá foi a cidade que me viu crescer e onde timidamente ensaiei alguns passos na política e na luta pelos ideais de cidadania. Uma grande honra ter ajudado na campanha de Jayme Daige, para a prefeitura de Guarujá em 1976. Pelas mãos de Mario Dayge, irmão do então candidato a Prefeito fui convidado a disputar uma vaga de vereador na chapa MDB-l, com Milton Alonso para vice.Uma justa homenagem se faz necessária para que não esquecermos que o Jaymismo, foi uma corrente muito forte naquela época e bem antes da década de 70 também. Guarujá precisa novamente merecer o título de Pérola do Atlântico, mas para isso, precisamos de pessoas séria iguais ao nosso ex-prefeito Jayme Daige. Hoje resido em Cotia, mas não esqueço de acompanhar os noticiários do Guarujá, que realmente precisa reaver sua história.
Prof.João Quartieri Filho
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