O
Custo Brasil é um termo genérico, usado para descrever o conjunto
de dificuldades estruturais, burocráticas e econômicas que
encarecem o investimento no Brasil, dificultando o desenvolvimento
nacional, aumentando o desemprego, o trabalho informal, a sonegação
de impostos e a evasão de divisas.
Por
isso, é apontado como um conjunto de fatores que comprometem a
competitividade e a eficiência da indústria nacional.
Nenhum
desastre ou calamidade tem uma única causa e no Brasil, o
despreparo, o pouco-caso e a falta de vontade, começam com pequenas
lesões diárias aos nossos direitos, que me fazem pensar se estou
ficando velho e chato ou se o Brasil, como teria dito Charles De
Gaulle não é um país sério.
A
grande maioria das empresas prestadoras de serviço, veem no Brasil o
paraíso para descumprir as leis, em especial o Código do Consumidor
e além de lesar os usuários, colaboram para que se aprenda ter
desdém pela lei, por quem as faz e por quem deveria zelar pelo seu
cumprimento, pela ordem e pelo instituto do direito.
Outro
dia escrevi da dificuldade para conseguir um atestado médico,
exigido por lei, para praticar exercícios físicos na academia.
Meu
plano de saúde da UNIMED não fornece no pronto atendimento, apenas,
se eu marcar uma consulta com um médico, que vai ou não fazer os
exames que achar necessários.
Ocorre,
que para marcar uma consulta pode demorar mais de trinta dias, apesar
da norma da Agência Nacional de Saúde determinar o prazo máximo de
quinze dias.
Eis
que o “jeitinho brasileiro” fez com que a academia encontrasse um
“super-médico”, que em três minutos tira a temperatura e a
pressão e ao custo de trinta reais fornece o tal atestado, mostrando
que a lei é burra, falha e deveria ser fielmente cumprida ou melhor
regulamentada. Tirar a pressão e medir a temperatura a gente faz
antes de entrar numa consulta no pronto atendimento ou eu ou qualquer
pessoa faz.
Mas
o propósito do texto é que os planos de saúde são uma
caixa-preta, onde você paga e o único direito indiscutível é o de
não receber pelo que pagou, a não ser que recorra a veementes
ameaças à ouvidoria e em último caso ao Judiciário e ai, pouco
importa, tenha você ou não esse ou qualquer direito e o Juiz o dará
numa simples canetada.
Outro
dia precisei consultar um médico especialista e ao tentar marcar
verifiquei que em todos os médicos listados eu só conseguiria
marcar a consulta de trinta a sessenta dias, contrariando a
determinação da ANS que é de quinze dias.
Liguei
na ouvidoria no dia dez de fevereiro, telefone 08007038989, protocolo
21028177, a atendente ficou de ligar no prazo de até quatorze dias
fornecendo o nome, endereço e horário para tal consulta.
Alguns
dias depois ligaram de fato, marcando a consulta em Santos (moro no
Guarujá) às oito horas da manhã do dia dois de março.
Vamos
aceitar que esse trabalhão, de ligar para vários médicos, ser
obrigado a recorrer à ouvidoria, aguardar o prazo, sem escolher o
profissional listado que eu gostaria, ter que me locomover à cidade
vizinha, às oito da manhã, fosse só um incômodo.
No
dia marcado para chegar em Santos sem me atrasar, saí de casa às
seis e quinze, cheguei ao endereço fornecido às sete e meia.
Fui
atendido pela recepcionista educada e solícita que depois de
conferir e anotar, disse que eu poderia sentar e esperar. Perguntei
se seria o primeiro a ser atendido, mas ela disse que o médico só
chegaria as oito, saí então para tomar café numa padaria próxima.
Exatamente
às sete e cinquenta estava de volta, sentei e aguardei ser chamado.
Às
oito e meia, sem ter sido chamado, dirigi-me à recepcionista e
perguntei se o médico já havia chegado e a resposta foi negativa..
Cerca de dez minutos depois fui chamado e levado ao consultório onde
expus os sintomas.
Simpático,
educado e demonstrando estar preparado, o médico recomendou que eu
tomasse um comprimido diário de um remédio e tivesse à mão um
outro, esse de efeito imediato, para o caso de sentir o tal sintoma.
Preencheu
duas receitas que por exigência legal deveriam ser em formulários
diferentes e eu fui embora, satisfeito e feliz por ter afinal
resolvido o problema.
De
volta ao Guarujá fui à farmácia onde tenho um desconto mentiroso e
ilegal de trinta por cento e fui informado que não poderia comprar
um dos remédios porque o médico havia colocado 1 de março de 2.014
em vez de 1 de março de 2.015.
Argumentei
que não se tratava de receita vencida pois na outra constava 2.015,
grafado corretamente, propus que ele confirmasse com o médico, mas
polidamente ele disse que não poderia aceitar a receita pois corria
o risco de ser punido.
Acreditando
no “jeitinho brasileiro” fui a outra farmácia e o resultado foi
o mesmo, numa clara demonstração que quando é para prejudicar o
indivíduo a lei funciona e a remota possibilidade de fiscalização
é eficiente.
O
que se poderia dizer que seria um pequemo incomodo ia se prolongando
e se transformando num grande incômodo.
Liguei
para o ambulatório onde fiz a consulta e expliquei primeiro à
atendente que em seguida encaminhou a ligação à pessoa
responsável, a quem eu expliquei pela segunda vez a situação e a
resposta foi que eu deveria ir a Santos para solicitar a troca da
receita e depois voltar quando ela estivesse disponível.
Expliquei
as dificuldades, a distância, o custo e a perda de tempo mas ela já
havia “decretado”. Ameacei, demonstrando que sou dos que sabem
reclamar, que se ela não resolvesse de outra maneira eu iria “fazer
barulho” e postaria a reclamação na mídia, o que poderia trazer
problemas a ela, caso o assunto pudesse, finalmente, ser resolvido de
outra forma e ela não o tivesse feito. Ela disse que eu deveria
falar com a supervisora e eu aceitei.
Pela
terceira vez tive que explicar toda a situação e ela, com toda
educação disse que eu não precisaria ir lá para solicitar a troca
da receita, ela verificaria se o médico ainda estava de plantão e
retornaria minha ligação.
Assim
foi. Ligou logo depois e disse que a receita estaria disponível na
recepção e que eu poderia ir buscar naquele mesmo dia ou quando eu
quisesse.
Pedi
que me fosse enviada por malote para a UNIMED do Guarujá e ela me
disse que não tem esse malote. Solicitei pelo Correio e ela disse
categoricamente, que a única maneira seria ir lá. Agradeci,
pretendo ir lá buscar a receita assim que puder, ainda não estou
tomando o remédio e faço agora o que prometi, reclamo de público,
para que todos saibam que o custo Brasil e a situação em que o país
se encontra é muito mais grave e do que algumas dificuldades
estruturais e do descaso com os direitos mais simples do consumidor
ao pouco-caso que todo o sistema legal brasileiro transforma o
cidadão num ser que desacredita totalmente na possibilidade que o
Brasil venha a ser, verdadeiramente sério para as próximas
gerações.
Por
cerca de dez reais essa supervisora poderia ter me enviado a receita
por SEDEX, mas preferiu correr o risco de ver uma reclamação contra
a empresa que ela trabalha, numa clara demonstração que não está
preparada para o cargo.
Se
essa reclamação servir para que numa próxima vez ela envie o a
receita pelo Correio para alguém, para mim já estará bom.
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